Periferia com o poder da voz, conheça os rappers de Embu das Artes

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Por Aline Ferreira

Os “rappers”, na periferia da Grande São Paulo, trazem uma visão particular da sua realidade. Com pontos de vista para o espaço social da periferia, conheça dois rappers que vem construindo sua identidade, ao se expressar de forma direta nas letras  e melodias de suas músicas,  através do contexto social em que vivem.

Wilson Rodrigues, conhecido como Lil Gueba, explica que nunca imaginou que cantaria na sua vida, mas em 2017, tudo mudou.

“Comecei a ouviu trap da gringa e me encantou a forma de flow cantada naquela época, e meu amigo Gederson perguntou porque eu não fazia uma música só para ver…  escrevi, fiz um vídeo e mostrei para amigos, todos gostaram e comecei, Gean me deu um notebook e Gederson me deu um fone e microfone”, conta o músico.

Seu nome artístico surgiu através de um amigo, Anderson Yan. Ele explica que seu apelido na comunidade é Negueba e escutavam muitos “Lil” na gringa.

“fizeram uma montagem minha com dreads na cabeça e colocaram Lilgueba (risos), e acabou pegando”, explica.

Para 2022, sua expectativa é grande. A Pandemia atrasou seus planos, mas ele não desistiu.

“Meu sonho é ver minha comunidade e meus amigos ouvindo meus sons e colocar Embu das Artes no mapa artístico”, finaliza Lil Gueba.

Por sua vez, Marcos Pollo conta que sempre esteve envolvido no mundo da música, principalmente no sertanejo, pelo seu pai mineiro e pagode por sua mãe baiana.

“Eu acabei puxando para o rap, por ser negro e de periferia, foi o que mais me identifiquei, mas sou muito eclético e é o que me faz ser muito versátil do rap, consigo ir do Love Songs ao funk”, explica o rapper.

Mesmo diante das dificuldades, Marcos Pollo não desistiu, ganhou um microfone e com muito esforço juntou dinheiro e comprou um notebook para produzir suas músicas.

“Fiz rimas e publiquei no YouTube, todos gostaram. Logo depois em 2012, fiz uma música que deu muita repercussão “Debaixo do edredom”, conta.

Marcos Pollo vem focando totalmente em sua carreira, possui 5 músicas no YouTube e mais de 20 músicas escritas.

“meu sonho é ser destaque do rap, ajudar minha mãe, a quem me ajuda e a quem necessita, quero ser referência tanto no rap, como pessoa. Quero ser inspiração”.

Tendo como referências, músicos como Emicida, Djonga, Rael, Mano Brown e BK, o músico conta que ver o rap como uma válvula de escape para não entrar no mundo das drogas, e é isso que ele procura passar em suas músicas, para que outras pessoas possam ouvir e se inspirar.

“Procuro aprender sempre, produzo minhas músicas em casa, nunca gravei em estúdio, mas procuro dar um produto de qualidade para o meu público”, conta Marcos Pollo.

Versátil, Marcos Pollo faz rap freestyle, participou de batalhas de rima e vem inspirando outros meninos da sua comunidade, no Jardim Santa Clara, em Embu das Artes, São Paulo.

“Eu amo a música, se a pessoa fala que está no mundo da música só para fazer dinheiro e se  autopromover, ela não ama a música”, dispara o cantor.

Marcos Pollo explica ainda que acompanhou as agressões do seu pai contra sua mãe, e por isso defende o direito de todos, das mulheres aos LGBTQIA+,  para ele os direitos devem ser iguais.

“meu pai abandonou eu, meus 9 irmãos e minha mãe, passamos muita fome, chegamos a pedir alimentos na casa das pessoas. Trabalho desde os 16 anos, para ajudar minha mãe como posso”, relata o cantor.

“Sou ativista, não tenho lado político, sou o cara que fica em cima do muro, porque quem fica em cima do muro enxerga melhor os dois lados”, finaliza Marcos Pollo.

Confira a música de trabalho dos rappers no YouTube https://youtu.be/dZW3bZVOsOQ

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