Dr. João Sucupira comenta estatísticas da SBCBM sobre as cirurgias bariátricas
Especialista em tratamento da obesidade Dr. João Sucupira revela informações importantes para aqueles que pensam em passar por uma cirurgia bariátrica.
O Brasil é o segundo País que mais realiza cirurgias bariátricas no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), Entre os anos de 2019 e 2021, foram realizadas mais de 350 mil cirurgias no País, um aumento de 8,5% em relação aos anos anterior. Contudo, apesar da evolução das técnicas e do crescente número de cirurgias realizadas, ainda há muitas dúvidas sobre o procedimento de redução do estômago.
O Dr. João Sucupira (CRM PB 5810 | RQE 4229), especialista no tratamento da obesidade e supervisor do Programa de Residência Médica de Cirurgia Geral da Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba, revela informações preciosas sobre o procedimento. “Apesar do aparente modismo que alguns acreditam existir sobre a bariátrica, esse tipo de cirurgia exige do paciente um preparo prévio para que ele se adapte à nova vida, pois trará transformações profundas em sua rotina”, explica o cirurgião
Estatísticas
Segundo o médico, muitos pacientes que são indicados para realizar o procedimento acabam desistindo. “Apenas 2% a 4% dos pacientes com indicação para a cirurgia bariátrica realmente fazem o procedimento. Os motivos para isso são vários e vão desde o medo, altos custos, demora para conseguir realizar a cirurgia pelo SUS até a falta de acesso a um serviço médico”, comenta o cirurgião.
Segundo dados do Ministério da Saúde, a obesidade atinge 18,9% da população brasileira e o excesso de peso faz parte da vida de 53,8% dos brasileiros. A obesidade é uma doença, que precisa ser tratada porque ela causa muitas outras doenças, algumas fatais. “Os riscos de a pessoa ser obesa são muito maiores que os de passar por uma uma cirurgia bariátrica. Logo, nos casos justificáveis, os benefícios sobrepõem e muito os riscos”, destaca
O Dr. João Sucupira separou nove entre as mais recorrentes dúvidas de seus pacientes em consultório para esclarecer mitos e verdades sobre a cirurgia bariátrica. Confira:
1 – Qualquer pessoa pode fazer a cirurgia bariátrica
MITO – Para fazer a cirurgia bariátrica é necessário ter IMC (índice de Massa Corporal) acima de 40 kg/m² e ter tentado, por pelo menos dois anos, outros tipos de tratamentos para emagrecer, sem sucesso. Também é possível fazer com IMC entre 35 e 40 kg/m², desde que o paciente tenha doenças causadas pela obesidade, como diabetes tipo 2, apneia do sono, hipertensão arterial, doença coronária, osteoartrites, doenças cardiovasculares (infarto do miocárdio, angina, insuficiência cardíaca congestiva, acidente vascular cerebral, hipertensão e fibrilação atrial, cardiomiopatia dilatada, cor pulmonale e síndrome de hipoventilação), estigmatização social e depressão.
2 – Após a cirurgia, poderei comer de tudo que não vou engordar.
MITO – O paciente que é submetido a uma cirurgia bariátrica precisa tomar cuidado com a alimentação e evitar alimentos calóricos. Caso contrário, há risco de engordar novamente. Por isso, ele deve ter acompanhamento de nutricionista, adotar hábitos saudáveis de alimentação e fazer atividades físicas.
3 – O paciente que faz a cirurgia bariátrica pode ter queda de cabelo.
VERDADE – É muito comum que, por volta do terceiro mês, os pacientes comecem a ter queda de cabelo. Alguns com maior e outros com menor intensidade. Normalmente, isso ocorre até um ano após a cirurgia. A queda de cabelo está relacionada à perda rápida de peso.
4 – Quem faz bariátrica não pode engravidar
MITO – Normalmente, a obesidade dificulta que uma mulher engravide. Com a perda de peso, suas chances de engravidar crescem muito. No entanto, é recomendado que ela engravide apenas após dois anos de cirurgia, quando a perda de peso já estará estabilizada.
5 – Não vou consegui comer alguns alimentos nunca mais
MITO – Com a evolução das técnicas cirúrgicas, os pacientes podem comer tudo que comiam antes da cirurgia, mas em uma quantidade menor. Mas é importante destacar que a perda e a manutenção do peso estão ligadas à mudança de hábitos na alimentação.
6 – Essa cirurgia é mais arriscada que outras
MITO – As técnicas de cirurgia bariátrica, assim como a anestesia utilizada, evoluíram muito nos últimos anos. Hoje, o risco de uma cirurgia bariátrica é o mesmo que de uma retirada da vesícula. Mas o paciente precisa ter ciência que o seu comprometimento e sua disciplina são fundamentais para o sucesso da cirurgia.
7 – Vou precisar tomar vitamina a vida toda.
PARCIALMENTE VERDADE – O paciente que fez a cirurgia bariátrica precisa de acompanhamento médico por toda a vida e, sempre que houver falta de alguma vitamina, deverá suplementar com o auxílio do endocrinologista e do nutricionista.
8 – É necessário fazer uma ampla avaliação médica antes da cirurgia
VERDADE – O paciente candidato a uma cirurgia bariátrica precisa passar por avaliação de vários profissionais, além do cirurgião. Endocrinologista, cardiologista, nutricionista, psicólogo, fonoaudióloga, enfermeira, fisioterapeuta, ortopedista e pneumologista costumam formar a equipe multidisciplinar.
9 – É necessário fazer uma dieta restrita após a cirurgia
VERDADE – Após o procedimento, o paciente é submetido a uma dieta líquida, depois a uma pastosa, depois a uma dieta branda e, por volta de um mês após a cirurgia, pode voltar a comer praticamente tudo. O tempo e as características de cada dieta são definidos pela equipe que acompanha o paciente.