De caminhoneiro a trader: como saber a hora certa de virar a chave

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Por quase três anos, Cândido Luiz Pereira dividiu seu trabalho de motorista de caminhão com o day trade e explica como sentiu confiança para largar o primeiro emprego

Nascido em Porto Alegre-RS e com 32 anos de idade, Cândido Luiz Pereira deu uma guinada em sua vida profissional ao deixar de trabalhar como motorista de caminhão para atuar apenas como trader. Hoje, satisfeito com a decisão, Candinho, como é chamado pelos amigos, diz ter mais qualidade de vida, trabalhar menos horas por dia e conviver mais com a esposa e com o filho.

A história de Candinho chama a atenção até pelo arrojo demonstrado pelo operador financeiro. A profissão escolhida por ele ainda é pouco difundida no Brasil e normalmente relacionada a perdas financeiras. Há pesquisas afirmando que a maioria que atua nesse segmento, perde dinheiro. Mas a realidade não é bem assim.

Um levantamento feito pela mesa proprietária Axia Investing, mostra que a falta de preparo é o grande responsável pelo insucesso na maioria absoluta dos casos. As pessoas leem um pouco sobre mercado financeiro e resolvem arriscar. Resultado: perdem dinheiro. “É um segmento que oferece boas oportunidades de ganhos, porém, assim como qualquer outro trabalho, é preciso preparo, estudo, conhecimento do mercado para ser bem-sucedido”, explica Antônio Marcos Samad Júnior, CEO da Axia.

No caso de Candinho, apesar de atuar como motorista, ele tinha formação técnica em tecnologia da informação. Seu primeiro contato com o mercado financeiro aconteceu em 2017 por meio de um anúncio em uma rede social. “Sempre sonhei em empreender, em arriscar trabalhando sozinho. Resolvi, então, saber mais sobre o segmento”, disse.

Segundo Candinho, a experiência prática teve início apenas em 2019. Quando ele começou a operar Forex, um ramo do mercado financeiro destinado a transações cambiais. “Entrei na B3 por meio de conhecidos e hoje opero B3 e índices por meio da Axia”, conta.

Suas primeiras operações eram realizadas através de uma conta que ele abriu em uma corretora estrangeira que verificou ser confiável. Sempre usava capital próprio, até que descobriu a possibilidade de atuar via mesa proprietária – empresa que contrata traders para operar seu próprio capital. “Atuo como trader há cerca de três anos e meio. Mas entrei na Axia Investing apenas no início de 2021”.

Virada de chave
Mas como e quando aconteceu a virada de chave para Candinho abandonar o emprego e se arriscar totalmente no day trade? Ele diz que não foi tão simples, havia receio de começar a dar tudo errado. O que ele fez foi estipular uma meta: sairia do emprego de motorista apenas quando os ganhos como trader se igualassem ou superassem o salário mensal que ele recebia.

“Mas não bastava eu igualar o salário em um mês e ganhar menos no outro. Tinha de conseguir uma sequência de vários meses bem-sucedidos para eu de fato abandonar o emprego antigo. Fiquei sete meses obtendo, no day trade, um rendimento equivalente para só então adquirir a confiança para seguir exclusivamente no mercado financeiro”, conta.

Na avaliação de Candinho o que mais atrapalha o trader é o medo de perder dinheiro. Não que isso seja exatamente ruim, mas é preciso saber controlar tanto o medo de perder quanto o ímpeto em ganhar. Seu conselho é que os interessados no day trade trabalhem bem o psicológico.

“A consistência nas operações é algo que a gente conquista com conhecimento e com um bom preparo psicológico. O que me ajudou demais tecnicamente foi meditação, pois me deu disciplina. Eu tinha muito problema no início em não aceitar eventuais prejuízos e isso me atrasou muito. A meditação me ajudou a aceitar esses dias e me disciplinou. Acredito que 80% do sucesso se deve ao psicológico”.

Mesmo tendo começado com capital próprio, o porto-alegrense aconselha os interessados a iniciarem a carreira dentro de uma mesa proprietária. “Trabalhar com o dinheiro dos outros também exige responsabilidade. Acontece que em uma mesa proprietária, há o suporte do próprio sistema que bloqueia a operação quando o dia não está bom. Há um limite de perdas estipulado, que não sai do bolso do operador. Além disso, é uma escola de primeira linha para quem deseja, futuramente, operar sozinho”.

Candinho opera de duas a três horas por dia na Nasdaq e na Bolsa de Hong Kong. Seu objeto, além de ganhar dinheiro operando, é poder ensinar day trade a outras pessoas. “Quando eu me sentir capacitado a passar conhecimento, quero mostrar a outros que dá para começar do zero no mercado financeiro, que basta estudar e trabalhar bastante para se dar bem”, afirma.

Seu livro de cabeceira é “Trading in the Zone”, de Mark Douglas, mas ele também costuma consultar, sempre que necessário o livro “Análise Técnica das Tendências das Ações”, de Robert Edwards. Para Candinho não há segredo e sim muita transpiração. “A teoria junto da prática faz com que o profissional tenha uma leitura do mercado mais apurada “.

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