Ansiedade e Espiritualidade

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Ansiedade e Espiritualidade

A ansiedade pode ser normal e é um indicador de doença subjacente somente quando os sentimentos se tornam excessivos, obsessivos e interferirem na vida cotidiana.

A Ansiedade por definição  é: Transtorno mental que causa Preocupação intensa, excessiva e persistente e medo de situações cotidianas. Que tambem ocasionar sintomas físicos como: frequência cardíaca elevada, respiração rápida, sudorese e sensação de cansaço.

Também chamada de doença do século, hoje, no Brasil, de acordo com informações da Organização Mundial da Saúde (OMS), há mais de 18 milhões de pessoas que sofrem de ansiedade.

Atenção: requer um diagnóstico de médico psiquiatra. Avaliação de um médico com base em critérios específicos.

Pesquisadores da UFMS e da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) avaliaram como a espiritualidade e a religiosidade influenciam na qualidade de vida e na saúde mental de moradores da região do Passo do Lontra, no Pantanal corumbaense. A pesquisa foi publicada no Journal of Religion and Health em julho deste ano.

A pesquisa foi realizada na Base de Estudos do Pantanal, unidade da UFMS focada no desenvolvimento de pesquisas em diversas áreas, e em fazendas da região. Ao todo, foram realizadas análises com 129 pessoas.

Os resultados da pesquisa apontaram que quanto maior os níveis de espiritualidade, os riscos de depressão e ansiedade diminuem. O mesmo ocorre quando considerado os vínculos com religiões. Porém, não seguir algum tipo de espiritualidade ou não praticar uma religião não demonstrou ligação direta com os níveis de qualidade de vida.
(Pesquisa da Universidade do Mato Grosso do Sul -UFMS, 2014)

Com base nessa informação e nos debates de correlação de ideias de hoje em dia nas mídias sociais, conversei com um psicólogo, Henrique Lima sobre esse tema:

APRESENTAÇÂO
Arthur Henrique Lima dos Santos, 28 anos, Psicólogo Clínico formado no Centro Universitário dos Guararapes com foco em transtornos psicológicos, principalmente depressão e ansiedade.

1 – O que é ansiedade?
A ansiedade é muito confundida com outros sentimentos, emoções e sintomas vivenciados pelas pessoas, mas existe uma diferente em cada aspecto. Mas segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtorno Diagnóstico (DSM-V), ansiedade é um pressentimento de um perigo que está por vim.

2 – Existem tipos de ansiedade?
Existem tipos de Transtornos de ansiedade, em que essa apreensão com o que está por vim direcionadas para vários fatores na vida das pessoas, existe ansiedade relacionada com algo específico ou não, pode está relacionada com outros tipos de disfunções, como depressão e fobias.

3 – Ansiedade é doença?
A ansiedade em si não, pois ela é um aspecto normal no dia a dia das pessoas. Ajuda-nos em situações como reação a um perigo eminente, está em vigilância, e na busca de atingir metas por exemplo. Mas essa ansiedade passa a ser doença quando não existe um equilíbrio, e principalmente atrapalha a vida cotidiana, comprometendo a família, convívio, trabalho e outros aspectos, com ou sem sintomas físicos, como palpitações, coração acerelado, falta de ar, tremores pelo corpo, tensão muscular, suor excessivo entre outros. Essa ansiedade incontrolável denominada como transtorno de ansiedade pode ser leve, moderada e grave, dependendo de 3 fatores: frequência, duração e intensidade.
Muitas pessoas que sofrem com ansiedade não sabem diferenciar esses detalhes, e são levadas muitas vezes por informações falsas passadas pelo senso comum. A orientação qualificada é facilitadora para identificação dessa ansiedade funcional ou não. E quando é disfuncional, a qualidade de vida fica prejudicada, o que carece de terapia com ou sem intervenção com medicamento.

4 – Ansiedade e medo estão sempre associados?
Sim. Geralmente quem está ansioso excita o medo, e quem está com medo estimula a ansiedade. Mas são duas coisas diferentes. Como já mencionei anteriormente, segundo o DSM-V a ansiedade é um pressentimento de algo indesejado que pode acontecer, já o medo sendo como um resultado emotivo diante de um perigo evidente ou suspeito.

5 – Há como tratar a ansiedade?
Sim. Quando a ansiedade está disfuncional, qualificada como transtorno, a forma mais segura e objetiva para minimizar os danos pessoais e diminuir os sintomas ansiosos é necessário de terapia com ou sem o uso de medicamento. Existindo a necessidade de um medicamento, é necessária uma consulta com um médico psiquiatra, que avaliando caso a caso, indicará um medicamento mais eficaz para cada caso.
E evidente a melhora das pessoas que foram de ansiedade, depois que estão em processo terapêutico e quando necessário, com o medicamento. No caso de um transtorno de Ansiedade grave por exemplo. O medicamento irá agir na diminuição ou equilíbrio de hormônios que são agentes causadores dos sintomas fortes e intensos, e a terapia irá fazer as mudanças de pensamentos disfuncionais ligados a ansiedades, alterando o comportamento na busca de uma melhor qualidade de vida.

6 – A espiritualidade é uma ferramenta para a melhora dos sintomas causados pela ansiedade?
Sim. Pois o exercício da espiritualidade age como um tipo de tranquilizador, minimizando essa apreensão/pressentimento, entendendo que a fé vem de encontro com a ansiedade e o medo sobre aquilo que é futuro, o que faz a potencialização a esperança e o bem estar. Mas quero salientar que tudo tem que ser com equilíbrio, claro.

7 – Sobre as pessoas que convivem com pessoas que possuem ansiedade, principalmente durante o confinamento, quais são as principais dicas para que elas possam ajudar essas pessoas?
Nesses tempos de pandemia e da necessidade de confinamento, o bom uso de tempo em casa, com a prática atividades saudáveis é uma fatores que pode ajudar nesse momento tão difícil para quem sofre com a ansiedade. Estar perto de pessoas que amamos, a prática de exercícios físicos (quando se é possível), boas
conversas, ler um bom livro pode ser uma excelente saída.

8 – O que fazer durante uma crise de ansiedade?
Sabemos que uma crise de ansiedade é um momento de desequilíbrio total, e que grande parte das pessoas que sofrem disso não sabe o que fazer.
Uma das primeiras coisas que quem sofre de ansiedade disfuncional vem muito antes de uma crise ansiosa, por isso precisa entender são os seus próprios sintomas, que de uma forma geral tem sintomas específicos, mas pode diferenciar de pessoa pra pessoa qual o sintoma é presente. Por isso, indico nunca se comparar com outro caso ou outra pessoa.
Depois que se consegue identificar os sintomas, é necessário uma auto percepção de si mesmo, já ir respirando fundo e relaxar. No YouTube contem técnicas de respiração e relaxamento fáceis para que possam aprenderem e praticarem quando os sintomas ansiosos estiverem emergindo, pois, maioria das vezes não vem de uma hora pra outra, apresentar de forma sutil, leve, vai crescendo, crescendo durante as horas e quando menos se esperar, os sintomas físicos já mencionados estão fortes e incontroláveis. E nesse momento em que os sintomas como palpitações, suor excessivo, tremores, entre outros estão incontroláveis não se tem muita coisa pra fazer, entretanto é aconselhável procurar chamar alguém, procurar deitar-se ou sentar-se, tentar respirar fundo (embora falta de ar seja um dos sintomas), e esperar o sintoma passar.  Essa identificação pode não ser concreta, e outros detalhes da vida do paciente pode dificultar esse processo visado na minimização dos sintomas. Mas de uma forma geral, reforço a necessidade de um acompanhamento psicoterápico em qualquer caso em que essa relação seja desequilibrada.

9 – O confinamento e o medo do Covid-19 podem trazer sequelas mais severas para a vida das pessoas com ansiedade a longo prazo?
Sim. E todos os aspectos que envolvam as pessoas que foram desse mal. Tem aumentado a procurar de profissionais na área da psicologia clínica, com os males que o Covid-19 tem causado nas pessoas psicologicamente. A incertezas sobre o pós-pandemia, o medo do contágio pra si e para os familiares e amigos, como também o luto por perdas de pessoas muito próximas por causa do vírus. Entretanto o cuidado com a saúde mental é tão importante como as precauções com a saúde física. Esses prejuízos psicológicos podem sim se prolongar pelo resto da vida quando não se tem um cuidado, e quando é preciso, não há um acompanhamento psicoterápico.

10 – Qual mensagem positiva você deixa para os nossos leitores?
Sabemos que estamos passando momentos difíceis com essa pandemia que trouxe mais problemas do que já temos em nossas vidas, mas não é o fim, essa fase vai passar! Mas precisamos ter em mente que temos que sempre está buscando formas e meios para uma melhor qualidade de vida em todos as áreas de nossas vidas.
E para os leitores que sofrem com ansiedade, eu digo calma, sua aflição pode ter um fim, e depende de você, só de você. Transtorno de ansiedade tem controle como outras disfunções corporais como diabetes e hipertensão crônicas, que é com os intervenção especializada. Precisa-se de uma ação cuidadora para controle da maneira correta, com empenho e disciplina.
Acreditar é preciso!

Com já citado acima, existem maneiras diversas de se ter o controle de uma crise de ansiedade, através de meditação, chás florais, técnicas de respiração, inclusive a adoção de um cunho psicológico. Todos os meios são válidos e substâncias, mas o mais importante é que, quem possui.os sintomas procure apoio médico adequado e específico em sua região e conte com o apoio de amigos e entes queridos.

A Ansiedade quando anda lado a lado com a espiritualidade (independente da religião escolhida) permite ao indivíduo uma reflexão profunda sobre si mesmo e disponibiliza ferramentas para controle de próximas possíveis crises já que tira o foco dos pensamentos perturbadores e o redireciona para as diretrizes da fé escolhida.

Não tenha medo. Ansiedade tem tratamento. E todos que a possuem podem ter uma qualidade de vida melhor.

Para nossa reflexão:

“Que o hoje seja hoje. Sem o peso de ontem, ou a ansiedade pelo amanhã. Apenas, hoje”. -Isabela Freitas

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