Dra. Caroline Silveira explica como funciona o tratamento da síndrome dos Ovários Policísticos sem o uso do anticoncepcional

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A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma realidade para cerca de 20% das mulheres em idade reprodutiva no Brasil. Apesar de o tratamento mais utilizado ser o uso de pílula anticoncepcional, essa não é a única forma possível, sendo recomendadas também outras medicações e alternativas não medicamentosas.

A Dra. Caroline Silveira (CRM PI 6725 / RQE 2848), médica e professora de ginecologia do curso de medicina na Universidade Federal do Piauí, explica que os anticoncepcionais não são isentos de reações adversas. “As mulheres com SOP já possuem risco maior de trombose e nem todas podem usar anticoncepcionais combinados”, alerta.

Segundo a especialista, muitas mulheres com Síndrome dos Ovários Policísticos acreditam que ao parar de tomar o anticoncepcional, automaticamente voltarão a manifestar os sintomas, como aumento de pelos, espinhas e ganho de peso. “No entanto, mudanças no estilo de vida podem melhorar o caos metabólico que há na síndrome, reduzindo os sintomas e as chances de desenvolver comorbidades, como diabetes, doença cardiovascular, hipertensão, ansiedade, depressão e infertilidade”.

Entre outros problemas da SOP, a resistência periférica à insulina é o principal fator que deve ser controlado nesta síndrome. “Quando os níveis desse hormônio ficam altos por muito tempo, as células ficam resistentes e os sintomas aparecem. O excesso de insulina na circulação sanguínea aumenta o hormônio LH, que faz os ovários produzirem testosterona, aumentando a oleosidade da pele, pelos e espinhas. É importante lembrar que as comidas processadas e carboidratos (massas e doces) aumentam consideravelmente os níveis de insulina.”

Alternativas para o tratamento

A Dra. Carolina Silveira também ressalta que mudanças no estilo de vida precisam acontecer durante o tratamento. “O stress também é um contribuinte importante para piorar os Síndrome dos Ovários Policísticos. O stress aumenta o hormônio cortisol, que piora a resistência à insulina, causando ganho de peso e piorando os sintomas”, adverte.

Além disso, é preciso mudar os hábitos alimentares e investir em uma dieta com menos carboidratos, em especial os carboidratos simples, presentes em alimentos processados, que são de rápida absorção. “Evitando o excesso de ingestão carboidratos não há maiores estímulo para a produção de insulina e os sintomas da síndrome melhoram. Além disso, a atividade física também é fundamental, pois o exercício sensibiliza as células para o efeito da insulina, necessitando de níveis menores do hormônio para fazer a mesma função”, esclarece. Uma combinação de musculação e exercícios aeróbios de 3 a 5 vezes por semana, pode ajudar muito no tratamento.

A médica também aponta como alternativa ao anticoncepcional o tratamento medicamentoso com metformina, que diminui a resistência periférica da insulina, atingindo bons resultados, inclusive em relação ao aumento da fertilidade. Suplementos alimentares, como o mio inositol também podem ajudar no tratamento da resistência insulínica, com a vantagem de não ter efeitos colaterais na maioria das vezes. “Também se pode utilizar a espironolactona para diminuir os efeitos androgênicos da síndrome, como aumento dos pelos, por exemplo”, conclui.

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