Laboratório do Rio Grande do Sul produz teste inédito para a Covid-19
Um teste inovador, desenvolvido por cientistas do Rio Grande do Sul, pode mudar o paradigma de enfrentamento à pandemia, uma vez que pode identificar indivíduos que apresentam imunidade e, portanto, poderiam retornar às suas atividades com mais segurança
O número de casos de Covid-19 segue crescendo no Brasil e a ampla testagem da população, especialmente nas empresas, é um dos caminhos apontados por especialistas para que a retomada das atividades seja mantida de forma segura. Porém, a maioria dos testes disponíveis no mercado até então identifica se a pessoa está infectada, mas não se já adquiriu imunidade à doença.
De acordo com assessoria, o teste laboratorial produzido pela empresa Imunobiotech, em parceria com a FK Biotec e o Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares da Coppe/UFRJ, é capaz de identificar e quantificar a presença de anticorpos tipo IgG, contra a proteína S. Este que é responsável pela entrada do novo coronavírus nas células. O teste permite saber quem já esteve em contato com o vírus, e se desenvolveu imunidade ao mesmo. Estudos vêm apontando que pacientes que apresentam estes anticorpos, podem apresentar imunidade contra a doença, e desta forma os pacientes não desenvolveriam ou transmitiriam a mesma. O teste leva cerca de duas horas para ser realizado e o resultado fica pronto em até seis horas.
Conforme Alberto Stein, médico que colaborou no desenvolvimento do teste, a inovação já está disponível em diversas cidades do país, através de laboratórios parceiros. “É importante ressaltar que empresas podem realizar este exame em seus funcionários e parceiros para tentar identificar pessoas que tiveram contato como vírus e que desenvolveram imunidade ao mesmo. Desta forma, podendo criar um ambiente de maior segurança para o retorno das atividades“, explica.
Ele afirma que a rede de laboratórios parceiros está sendo ampliada, mas empresas interessadas podem contatar diretamente a Imunobiotech e se informar sobre os procedimentos.
Conforme a cientista Leda Castilho, chefe do Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares da Coppe/UFRJ e integrante da força-tarefa contra a Covid-19 da UFRJ, os testes sorológicos disponíveis chegam a dar 70% de resultados falsos negativos e o motivo é que não miram o alvo certo.
Como funciona o exame?
O teste é realizado a partir de uma amostra de sangue, analisada em laboratório, determinando e quantificando a presença destes anticorpos que reagem contra a proteína S. Este fator é extremamente importante, visto que a maioria dos testes imunológicos disponíveis hoje no mercado não quantificam o nível de anticorpos contra a proteína S – pois eles avaliam anticorpos contra a proteína N -, e nem avaliam a possibilidade de imunidade contra o vírus.
Qual é a diferença deste teste em relação aos testes rápidos?
Os testes rápidos produzem resultado a partir da identificação de anticorpos contra a proteína N, da Covid-19. Essa proteína encontra-se no interior do novo coronavírus e sinaliza que a pessoa teve contato com o vírus, mas não dá informação sobre a imunidade contra ele, porque estes anticorpos contra a proteína N não são neutralizantes.
Já o teste inovador é capaz é identificar e quantificar a presença de anticorpos que reagem contra a proteína S da Covid-19, que é responsável pela entrada do novo coronavírus nas células. Ou seja, este teste permite identificar e quantificar a imunidade de cada pessoa com relação à doença.