Redes sociais, espiritualidade e inteligência emocional, como equilibrar?

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As redes sociais são uma estrutura social composta por pessoas ou organizações, conectadas por um ou vários tipos de relações, que compartilham valores e objetivos comuns, e também gostos pessoais e manifestam suas opiniões.

Mas nem sempre essas opiniões e valores são baseados em princípios saudáveis. Os temas: Espiritualidade, inteligência emocional, relações pessoais e distúrbios emocionais causados pelas redes sociais através de gatilhos tem sido o centro de muitas discussões e correlação de ideias.

Pra nos esclarecer um pouco sobre isso, convidei a estudante, influenciadora, blogueira, e empreendedora Portuguesa-Angolana Kailany. Fundadora do site: de menina a mulher com Kailany.

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Para começar Kay, fala um pouquinho sobre você.

Olá, eu sou a Kailany, mais conhecida por Kay. Sou angolana e portuguesa, estudante de línguas e humanidades, em Portugal. A comunicação é uma das minhas grandes paixões, para além de outras dentro das áreas da sociologia, psicologia, e filosofia. Estou também a fazer um curso de life coaching, como chave para poder ajudar mais pessoas, e em particular mulheres. Recentemente abri o meu primeiro negócio, uma loja online para venda e compra de vestidos, no Instagram. E nos meus tempos livres, faço aquilo que amo: escrevo para o meu blog: De Menina à Mulher com Kailany.

Estas são as minhas redes sociais:
Instagram
Twitter
Blog

Kay como nasceu o projeto: De menina a mulher com Kay?

O projeto, nasceu de uma vontade profunda de fazer algo a mais, que já me vinha a incomodar há longos anos. Lembro-me de estar no nono ano, e no início do médio, e de desabafar com a minha mãe sobre o quanto eu queria fazer algo mais do que o que fazia. Eu sentia um desejo enorme em fazer algo para além de estudar, e viver uma vida vulgar. Então, por volta de 2016, comecei a explorar essas minhas vontades, e a dar voz a esses desejos que habitavam no meu coração desde pequena. Criei vários blogs aonde escrevia, e fazia vídeos no Instagram sobre outros temas na altura, sem grandes visualizações. Apenas por diversão. Entretanto, em 2019-2020, foi quando eu posso dizer que este projeto, DMAMCK, começou a nascer. Nessa altura da minha vida, e também com o inicio da pandemia que agora vivemos, estava muito focada na questão do bem-estar físico, mental, e espiritual. Dessa forma, criei o blog “Corpo & Mente By Kay”, que cresceu bastante. Lá partilhava de tudo um pouco daquilo que eu aprendia dentro dos temas relacionados com bem-estar, desenvolvimento pessoal, dicas de lifestyle, e até fitness (na época eu era vegana). Entretanto, a pandemia continuo, e eu sentia-me muito perdida e sem propósito. Para além de que, eu não queria ser catalogada apenas como a menina do yoga e do fitness no Instagram. Eu queria fazer algo diferente. Mas deixei levar-me por aquilo que os outros queriam e gostavam de ver. Até porque os temas que realmente me interessavam abordar, eram relacionados com psicologia, espiritualidade, e a mente. Portanto, eu posso afirmar que tudo na minha vida nessa altura (meados de 2020) se culminou para eu abandonar esse meu projeto e conhecer Jesus.

Eu desistir de ser vegana, estava muito desmotivada, deprimida, e completamente desorientada. Permanecia com os meus estudos, mas a nível de projetos pessoais, estava bastante insatisfeita. Tinha também certos problemas internos que me atormentavam, e que se intensificaram com a pandemia. Eu queria ajudar meninas e jovens mulheres, a resolver coisas com que eu ainda batalhava.. Muito hipócrita não é? Jesus entretanto ensinou-me que não adianta tentar corrigir ou ajudar o outro, quando eu ainda preciso de ajuda.

Tudo isso levou a que me abrisse com a minha mãe, Alice Amorim, terapeuta cristã. Comecei a conversar com ela, e posso dizer que nessa altura me converti. Comecei a pedir orientação de Deus na minha vida para que Ele me guiasse e dissesse como eu poderia satisfazer esse meu desejo de comunicar ajudando outras meninas que passam pelo mesmas situações que eu.

Numa manhã, depois de orar, eu simplesmente acordei com TODA a ideia deste projeto montada na minha cabeça, pronta para começar, sem muito pensar. Glória a Deus. Lancei o primeiro episódio e texto na semana seguinte. Assim, criei este projeto aonde escrevo e falo sobre todas estas questões que mais me interessam, como relacionamentos, espiritualidade, psicologia, e entre outros, e que eu também tenho vivido na minha transição de uma menina para mulher.

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O trinômio espiritualidade – inteligência emocional e relações pessoais são uns dos temas mais abordados no seu blog e podcast voltado para meninas e mulheres que compartilham das mesma emoções e dúvidas. Qual a mensagem central por trás dos seus textos?

Essa pergunta é um pouco difícil de responder, porque eu sei que por vezes tendo a abordar diversos temas, e acabo por ter sempre várias mensagens diferentes a deixar de acordo com o contexto. Porém, acho que a solução para todos os problemas e questões sobre as quais eu escrevo, é somente uma: JESUS.

Seja ansiedade, medo de não ser suficiente, falta de autoestima, problemas em relacionamentos, padrões sociais e imagem, etc. Eu sei, pela minha experiência, que a solução para todos esses problemas está em Jesus e em buscar a Deus. Portanto, a mensagem central por trás dos meus textos, é essa: independentemente da situação em que te encontras, e como te sentes, tenta olhar para as coisas, e agir, como Jesus faria, e com a orientação de Deus e da sua Palavra. Durante muito tempo, tentei arranjar soluções fora de Cristo, e sentia-me como um cão atrás da cauda. Os problemas voltavam, e eu nunca evoluía realmente como pessoa. Jesus é a chave para nos libertar deste mundo, o causador de todos estes problemas e questões com que muitas de nós mulheres batalhamos diariamente.

As redes sociais ao lado de proporcionar novas abordagens em torno da maioria dos aspectos envolvidos em nossa vida como melhora na comunicação, percepção social e acesso a informação, também produziu seus efeitos colaterais, tais como as questões de comparação, complexo de inferioridade, demasia na ideia do corpo e rosto perfeito. Qual sua opinião sobre esse efeito dominó causado nas mulheres usuárias de redes sociais?

A minha opinião é que certamente as redes sociais estão a ter um efeito drástico e bastante negativo, muito além daquilo que parece. As mulheres cada vez mais alteram os seus corpos, e imagem, para entrar no padrão. Contudo, e como também já escrevi e falei sobre no De Menina a Mulher, a culpa não é necessariamente das redes sociais. Apesar de algumas das grandes cabeças por trás já terem admitido o jogo psicológico que é feito por estas aplicações. Por parte, a culpa está também na forma como as pessoas utilizam as redes sociais. Acredito que é preciso ter uma certa inteligência emocional, maturidade, e também segurança, para estarmos constantemente expostos às vidas de todo o mundo sem cair no jogo. É preciso sabermos distinguir aonde é que a vida online começa, e aonde acaba. E infelizmente, muitas de nós não temos essa capacidade e segurança nem na vida fora das redes.

Hoje já temos pelo menos duas gerações que cresceram, desde pequenos, expostos a este mundo online filtrado e editado. Portanto, eu acho que deveria ser uma questão mais vezes abordada, porque o impacto psicológico é realmente profundo. Penso que se deve falar mais sobre isto, e que os pais têm também de educar os seus filhos para que eles saibam separar as águas, usando as redes sociais de forma consciente, e no tempo certo.

Curiosamente, esta questão pode se relacionar com a questão anterior: uma mulher que tenha a sua identidade em Cristo não se preocupa nem se deixa afetar por questões do mundo, como as redes sociais, e os padrões sociais que aparecem por ai.

Sabemos que as pesquisas, o conhecimento e a produção de informações novas evoluem constantemente nos dias atuais, tornando assim o contexto de individualidade complexo. Pra você quais os meios primordiais para que uma pessoa possa preservar sua essência?

Essa pergunta é muito interessante, e por acaso, nunca tinha refletido tanto sobre até que ponto a exposição a nova informação constante pode afetar a nossa individualidade. Porém, realmente afeta. Nós somos seres sociais, e bastante influenciáveis. Como disse no primeiro episódio do podcast, De Menina a Mulher, nós somos esponjas e vamos absorvendo a nossa realidade.

Respondendo a questão, vou dar algumas sugestões e soluções para alguém que deseje manter a sua individualidade:

1- Reencontrar a sua criança interior. Como eras em criança, quais eram as tuas paixões.. quem és quando ninguém te está a ver. Procura ser essa pessoa.

2- Isolamento é um dos fatores mais importantes e comuns para as pessoas que estão em ou que procuram, o seu desenvolvimento pessoal. O isolamento permite-nos reconectar mais facilmente com o nosso eu interno (nesse isolamento não estão incluídas as redes sociais). Portanto, aconselho as pessoas aprenderem a estarem sozinhos, e a saber aproveitar a sua própria companhia. Ter uma vida e atividades que não envolvam outras pessoas, nem entretenimento vulgar, e que promovam o autoconhecimento.

3- Por último, irei retomar ao protagonista desta entrevista: Deus. Ele sabe os planos que tem para nós, Ele sabe o hoje, o ontem, e o amanhã. Deus conhece-nos melhor do que nós mesmos. Por isso, aconselho a quem esteja a ler, que fortaleça a sua relação com o Senhor orando. Procurar que Ele esteja presente em todas as decisões que tomamos, incluindo as mais simples. Isso permitir-te-a orientar a tua vida, mantendo a tua individualidade e identidade em Cristo, aquele que te criou. Dessa forma, não tomarás nenhuma decisão nem seguirás nenhum caminho que seja influenciado pela tua carne, pelo outro, por problemas emocionais, nem medos. Somente Cristo.

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As redes sociais exercem uma grande influência em nossa vida cotidiana a ponto de ser difícil imaginar com seria o mundo atual sem a sua participação em nossas vidas. Na sua opinião quais são as ferramentas para manter o equilíbrio entre individualidade e compartilhamento social?

Eu posso dizer que a chave para manter o equilíbrio entre a individualidade e o compartilhamento pessoal está na nossa auto-consciência. Enquanto seres humanos, é normal sentirmos a necessidade de nos validarmos nos outros, e é precisamente por isso que é muito importante termos consciência sobre os nossos comportamentos.

Questões como: Porquê eu faço? O que eu faço? Porquê eu digo? O que eu digo? O quê me faz agir assim? Qual a minha intenção por de trás dessa publicação? O quê que eu quero ganhar com uma determinada ação?

As palavras ‘porquê’ e ‘para quê’ são muito importantes, na medida em que nos ajudam a avaliar as intenções por trás das nossas ações. E são precisamente essas que aconselho que todos façam cada vez que impulsivamente desejarem se expor ou compartilhar alguma coisa. Fazendo isso, eventualmente, aperceber-se-ão de que há certas questões que pertencem somente à nossa individualidade, e de que não precisam de ser compartilhadas.

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Kay qual mensagem você pode deixar hoje, para todas a meninas e mulheres da nossa sociedade?

A mensagem que eu gostaria de deixar para as meninas e mulheres na nossa sociedade é que não se deixem levar por todos os movimentos que aparecem por ai, e que não acreditam em tudo que ouvem. Não são os nossos pais, nem os nossos relacionamentos, muito menos a nossa carreira que nos define. A única pessoa que precisamos seguir, ouvir, e que nos pode definir, é Jesus. O único homem que veio a terra e que conseguiu olhar para nós, mulheres, sem qualquer tipo de maldade ou desejo carnal. Ele é o homem que devemos seguir, e tudo nas nossas vidas deve ser feito para honrá-lo. Sei que há tantas opiniões sobre como nos devemos comportar, e num mundo como nosso, para quem não é crente, também pode ser difícil ler a Bíblia. Porém, sei que no dia em que vocês tiverem um encontro com Jesus, e o colocarem a frente de tudo, a vossa vida irá mudar completamente.

Não é o feminismo que nos irá libertar. Não é uma life coach, nem uma psicóloga. Muito menos um post no Instagram sobre o nosso empoderamento e emancipação. Só Jesus nos pode libertar. Ele é a chave, porque Ele nos vê de uma forma que ninguém neste mundo vê.

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A palavra de ordem para ter uma relação saudável com as redes sociais, consigo mesmo e com sua espiritualidade, é o equilíbrio. Se o seu interior está em paz, o universo vai contribuir para que tudo ao seu redor permaneça em paz também.

Para nossa reflexão:

“Viver é como andar de bicicleta. É preciso estar em constante movimento para manter o equilíbrio.” -Albert Einstein

Forte abraço e até aproxima!

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