A vida digital durante a pandemia
O monitoramento de informações é vital para a segurança ou uma invasão de privacidade pessoal?
Com a utilização cada vez mais frequente de serviços de streaming, a facilidade de pagamento e transferência de forma imediata pelo celular, como o PIX, e reuniões por videoconferências desde o início da pandemia, aumentou o uso da internet.
O consumo intensificado das tecnologias digitais estão reconfigurando as relações físicas. Lugares como escolas e faculdades que atualmente atuam de forma EAD, vão se transformando em ambientes virtuais e tornando as relações individuais. A interação entre o social e o tecnológico redefine os aspectos sociais através da conexão online e os espaços reais competem com os espaços virtuais pela tele presença.
Em entrevista ao jornal El País em 2016, o sociólogo Zygmunt Bauman afirma que as redes sociais são úteis, oferecem serviços muito prazeroso, mas são uma armadilha. Bauman, descreve em suas obras como “Tempos Líquidos” e “Modernidade Líquida”, que as relações com o passar do tempo estão se tornando cada vez mais superficiais, de forma “líquida”, e o contato com as pessoas são cada vez menor. E esse é o retrato da sociedade durante a pandemia com o uso das redes sociais. Essa desmaterialização vai reconfigurando a sociedade, os aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais.
A simplificação de pagamentos de uma fatura, o débito automático de uma conta de forma digital por sites e aplicativos, e um cartão de metrô, vincula os dados de compras e registram a localização que permite o monitoramento da ação de uma pessoa, violando a privacidade do usuário.
André Lemos cita em seu texto “Cidades – Ciborgue” que os grandes centros urbanos atuam como receptores dos produtos de informação. A pandemia da Covid-19 reforçou as mudanças ocorridas no espaço de trabalho, como o Home Office que torna o mesmo como um lugar símbolo. É a cidade ciborgue preenchida e complementada por novas redes telemáticas .
Em sua obra “Tempos Hipermodernos”, o filósofo Gilles Lipovetsky considera a mídia uma das forças de individualização de modo de vida e a intensificação da modernidade. Esse espaço público midiatizado vai pouco a pouco transformando a participação dos cidadãos na rede de forma individual.
A internet e as redes telemáticas se tornaram a ferramenta essencial de dinamização nas grandes cidades, possibilitando o gerenciamento em tempos de pandemia das ações dos espaços urbanos.