COMO OS FILTROS CONTRIBUEM PARA A DISTORÇÃO DE IMAGEM
Por Victor Soares
Os efeitos utilizados têm impactado diretamente na saúde e bem-estar dos usuários. Gustavo Arns, cientista da felicidade, comenta que é preciso acompanhar, pois o alto consumo pode gerar grandes problemas
As redes sociais podem causar um impacto negativo se mal usadas ou quando comparamos com algum padrão de beleza. Uma das maiores preocupações que fica em evidência é a distorção de imagem e o pensamento que a utilização indevida vem gerando, principalmente às meninas e jovens que procuram perfis de pessoas ‘perfeitas’ e os usam como inspiração. De acordo com Gustavo Arns, cientista da felicidade: “Quanto mais tempo de rede, menor a sua percepção de bem-estar. Por mais que se saiba que nas redes sociais não é toda a realidade que está sendo exibida, ainda assim, o nosso cérebro opera através do viés da comparação, nós estamos automaticamente o tempo todo nos comparando”, comenta.
O uso de filtros que causam distorção gera uma busca do rosto e corpo perfeito. Como consequência, os usuários focam em detalhes como espinhas, manchas, distâncias dos olhos, tamanho de nariz e questões estéticas que anteriormente não recebiam tanto foco. Anteriormente, as pessoas conseguiam diferenciar o real do irreal, porém, por conta do uso exacerbado da internet, essa distinção foi praticamente extinta. Arns compartilha que os nascidos antes de 1998 ainda conseguem distinguir, no entanto, a geração que veio após os anos 2000 quase não tem essa possibilidade.
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Após o lançamento desses efeitos, o número de busca por clínicas e profissionais de estética, que já era grande no Brasil, aumentou em aproximadamente 50% comparado ao período homólogo, conforme a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). É necessário olhar atentamente aos jovens e crianças que consomem conteúdos de beleza e moda, pois as crianças estão crescendo com um padrão de imagem pré-estabelecido e ficam infelizes ao verem que não se parecem com o que assistem diariamente.
“É uma fase complexa da vida e essa comparação pode ser muito agressiva ao bem-estar. Então é preciso tomar cuidado com isso tudo que muitas vezes parece um jogo ou uma brincadeira, porque pode ter impactos bem severos”, enfatiza o idealizador do Congresso Internacional da Felicidade. Arns conclui reforçando que é fundamental que as pessoas aprendam a valorizar a diversidade e a beleza natural de seus corpos, e que sejam capazes de reconhecer e lidar com os padrões irreais impostos pela mídia social, de uma maneira que não os prejudique no futuro e nem cause analogia com a vida real.