Empresas familiares no Brasil: 90% do total, mas apenas 30% sobrevivem à terceira geração​
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Especialista alerta para a importância da profissionalização e do planejamento sucessório para garantir a longevidade dos negócios familiares

No Brasil, cerca de 90% das empresas têm perfil familiar, sendo responsáveis por 65% do Produto Interno Bruto (PIB) e por 75% dos empregos no país, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar dessa relevância econômica, apenas 30% dessas empresas conseguem chegar à terceira geração, conforme levantamento do Banco Mundial.​ 

Para Carolina Santos, empresária, especialista em estratégia, gestão e idealizadora do movimento liberdade empresarial, a falta de planejamento estratégico e sucessório, aliado à ausência de profissionalização na gestão são os principais fatores que comprometem a continuidade desses negócios.​ “A sucessão em empresas familiares é um processo delicado que exige preparo e planejamento. Muitas vezes, os fundadores têm dificuldade em delegar funções e em preparar os sucessores para assumir a liderança, o que pode levar à descontinuidade do negócio”, afirma.

A empresária destaca que a implementação de práticas de governança corporativa e a separação entre os papeis de sócio e gestor são fundamentais para a sustentabilidade das empresas familiares. “É preciso profissionalizar a gestão, estabelecer regras claras e preparar as próximas gerações para que possam dar continuidade ao legado familiar”, ressalta. 

De acordo com a Pesquisa Global NextGen 2024 da PwC, 89% dos representantes da próxima geração de líderes em empresas familiares no Brasil acreditam que a inteligência artificial (IA) generativa é uma força transformadora para os negócios. No entanto, apenas 8% dessas empresas adotaram a tecnologia em alguma área, o que evidencia a necessidade de maior abertura à inovação.​ 

“Infelizmente a resistência não se limita a questões tecnológicas. Permeia também aspectos relacionados à liderança, gestão e o simples ato de descentralizar. É fundamental que os líderes estejam abertos não somente a novas ideias e tecnologias, mas também compreensão das mudanças no que diz respeito à liderança e pessoas, para manter a competitividade no mercado”, observa.​

A especialista também enfatiza a importância de um plano de sucessão estruturado, que envolve a preparação intensiva dos sucessores e líderes. “A sucessão não deve ser tratada como uma surpresa tampouco negligenciada. É preciso colocar a pauta na mesa o quanto antes e encarar o assunto, como um processo contínuo que envolve o desenvolvimento de competências, a transferência gradual de responsabilidades, muito alinhamento familiar e respaldo jurídico especializado”, pontua.​ 

Outro ponto que merece destaque é a frequente negligência dos patriarcas/fundadores em relação ao tema. Muitas famílias evitam tocar no assunto, não se prepararam nem se organizam para a sucessão e o que resta para os herdeiros é insegurança, apreensão, despreparo e na falta do patriarca/fundador, ao invés de ficar um legado, fica um verdadeiro cavalo de troia. 

Herdeiros que não tiveram a oportunidade de discutir o tema ou ser preparados para assumir os negócios da família, tendem a sofrer muito para sustentar a operação ou entram nas estatísticas de quebra empresarial.

Com a adoção de práticas de gestão profissional e o planejamento adequado da sucessão, as empresas familiares brasileiras têm maiores chances de superar os desafios e garantir sua longevidade, contribuindo para o desenvolvimento econômico do país.

Sobre Carolina Santos

Carolina Santos é empresária, mentora de empresários, treinadora e palestrante, especializada em gestão estratégica de negócios e desenvolvimento humano. Sócia do Espaço HUB , possui trajetória consolidada como Head de Expansão Internacional da Hidrogeron North America e sócia,  Diretora de RH e Marketing da Hidrogeron, empresa líder nacional no segmento de saneamento. e especializacao em Gestao estrategica de pessoas pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), MBA em Gestão Estratégica pela FGV, Carolina também acumula diversas certificações internacionais como mestrado em neuromarketing, formação internacional em coaching, gestão e liderança. Sua atuação é marcada pela transformação de negócios familiares, planejamento estratégico, capacitação de empresários e líderes para a perpetuação empresarial. Para mais informações, acesse @carolsantos.mentora ou pelo linkedin