Um paralelo entre o BBB e a sociedade do espetáculo

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O poder de especular a vida privada e a busca pela visibilidade

A disputa entre anônimos e famosos pelo prêmio de R$ 1,5 milhão do Big Brother Brasil ou popularmente conhecido como BBB, será conquistado apenas por um único participante, no entanto, a espetacularização da imagem dos ‘Bhothers’ pelas mídias destaca que vivemos o momento dos discursos nas redes e a busca pela visibilidade.
O filósofo Guy Debord chama essa potencialidade de status midiático, vemos nesse contexto as pessoas que “sonham” participar do reality show passam a exercer papéis de “herói” ou vilão” no confinamento pelo programa para ganhar evidência nas redes.

Manipulação pelas imagens Foto: Reprodução/ Google Imagens

A espetacularização da vida privada e o consumo das imagens

Looks da sister Juliette Freire no ‘BBB 21’ fazem sucesso dentro e fora da casa como o famoso cropped preto de couro usado por ela, impulsionando as vendas das marcas que mantém o patrocínio durante o reality e sua visibilidade. Os números das redes sociais de Juliette não param de crescer, e ela se tornou uma das participantes mais seguidas de todas as edições, tendo o perfil de maior engajamento no Instagram.
Os participantes que buscam se colocar em evidência nas mídias andam em uma ”corda bamba” da vida moderna que assombra aqueles que tem uma carreira, seguidores e reputação nas redes sociais, a famosa cultura do cancelamento. A intenção do público que cancela nas redes é fazer com que a imagem do cancelado perca a força nas mídias.

Look de Juliette fazem sucesso no ‘BBB21’ Foto: Divulgação/ Instagram

O conceito da “Sociedade do Espetáculo” de Debord, está diretamente relacionado com o BBB influencia a forma do público pensar e agir por meio da produção contínua de novas imagens e mercadoria ligada a determinada roupa, acessório ou estilo do ‘Brother’ que ficam confinados em uma casa cenográfica.

Entretenimento ou alienação? Os dilemas frequentemente refletidos na mídia como o racismo

A atual edição além de trazer entretenimento da “exploração da vida privada” dos participantes, abrange assuntos do cotidiano do público, como a cena da última semana durante o castigo do mostro do cantor Rodolfo que ao colocar a peruca o sertanejo disse “A gente está com o cabelo quase igual ao do João”. O caso de racismo virou debate nas redes e inquérito policial após o comentário do cantor.

Rodolffo comparou o cabelo do João com a fantasia do homem das cavernas usada pelo cantor Foto: Reprodução/Google Imagens

Viih Tube é criticada após usar o termo “inveja branca” em conversa com Caio no último sábado (10). Os dilemas frequentemente refletidos nas mídias são os traços da nossa cultura, criticados por uns e venerado por outro, é inegável que a edição do BBB21 coloca em pauta assuntos da realidade dos telespectadores.

Segundo Debord, o espetáculo é a aparência que confere integridade e sentido a uma sociedade esfacelada e dividida. É uma forma elaborada de uma sociedade que desenvolveu ao extremo o ‘fetichismo da mercadoria’, a felicidade é identificada ao consumo.
Para ele, o espetáculo é a vida mediada por imagens, e as estratégias de marketing das marcas divulgadas ao patrocinar o BBB mostra que o programa é uma grande ponte pela busca das marcas nos sites ao ser vinculadas na TV aberta.
Segundo a Revista Exame, o crescimento no número de patrocínios se deve especialmente pelo sucesso da edição passada, que chegou a ir para o Guinness World Records quando o paredão com os participantes Felipe Prior, Manu Gavassi e Mari Gonzalez teve a maior quantidade de mais de 1,5 bilhão de votos em programa de televisão.

A “Sociedade do Espetáculo” não é somente sobre imagens construídas, mas como nos tornamos parte dessas imagens e como nossa vida é intrinsecamente influenciada através destas perspectivas.

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