A influência do governo Lula sobre as importações e exportações
O especialista Rodrigo Giraldelli comenta sobre os possíveis cenários com o mandato petista
No último dia primeiro, Luís Inácio Lula da Silva tomou posse pela terceira vez como presidente do Brasil e gerou certo alvoroço no mercado brasileiro. Todo período de transição política é um momento de incerteza e ainda não sabemos o que acontecerá na economia do país. Essa ocasião de transição gera inconstância macroeconômica, com maior volatilidade do câmbio do dólar e menores investimentos privados — podendo demorar de seis meses a um ano para que o cenário se restabeleça. Diante desse cenário, o especialista em importação, Rodrigo Giraldelli, há 20 anos especializado em importações da China, afirma que as importações no novo governo poderão ser influenciadas por dois tipos de políticas de controle: do câmbio e da inflação.
“Em primeiro lugar, a política de controle do câmbio poderá afetar diretamente o preço do dólar ou de outras moedas. Esse preço pode dificultar ou facilitar as importações. O governo poderá, por exemplo, seguir um câmbio fixo por um determinado período para sustentar o valor do dólar estável. Em segundo lugar, as medidas de controle de inflação também podem afetar as importações brasileiras. Agora quando a China, vale lembrar que o Brasil é responsável por boa parte do abastecimento da indústria do país asiático, com matérias-primas e componentes. Do outro lado da moeda, a China é a responsável pelo abastecimento do comércio brasileiro, atacadista e varejista, com produtos para revenda”, comenta o especialista à frente da consultoria China Gate, que auxilia empresários brasileiros a importar produtos do país asiático.
Ainda de acordo com Giraldelli, do ponto de vista ideológico, o governo Lula é aliado com a política chinesa, contudo, por outro lado, os governos com viés esquerdista esquerda não são tão inclinados para o setor de importação, colocando taxas que dificultam essa atividade. “Temos esse paradoxo, mas se olharmos para o que aconteceu no passado, no governo Lula 1 e Lula 2, nenhuma equipe econômica minimamente responsável vai deixar faltar produtos por conta de medidas impositivas, porque isso gera inflação. Então, se há necessidade de consumo, há necessidade de fornecimento”, argumenta.
Com o aparente fim das restrições que vieram com a pandemia do Coronavírus, a expectativa é que 2023 seja uma continuação de 2019. “Em 2022 já houve uma melhora significativa, apesar das restrições, levando a uma reestruturação e reorganização dos mercados. Já enxergamos isso nos valores de frete internacional, que subiram 10 vezes durante a pandemia, mas já voltaram ao padrão normal. O fornecimento também já voltou para o seu normal e o prazo de entrega também, com o fluxo dos navios restaurados. Esperamos que haja uma restituição e melhora nos valores”, explica o CEO da consultoria China Gate.
Já avaliando o governo Dilma e os antecessores, os resultados da economia não foram tão positivos, segundo o especialista em importação, por conta dos muitos escândalos de corrupção. “Sempre que há uma tensão, os investimentos param, os negócios em curso entram em situação de espera. Se tem que abrir loja, não abre, se tem que investir em uma nova unidade de produção, não investe, se tem que contratar não contrata justamente para ver o que vai acontecer. No primeiro governo, o crescimento não estava vindo, e no segundo, por conta da questão política, o Brasil ficou muito tempo parado, não só em importações e exportações, como em várias áreas”, corrobora o especialista em importação Rodrigo Giraldelli.
Contudo, para o consultor, há boas expectativas sobre a relação entre Brasil e China. Elas têm se intensificado, independente de governo, nas duas rotas (de importação e exportação). A China, tem se mostrado cada vez mais forte no fornecimento dos produtos manufaturados para o mundo inteiro, além de estar em constante na questão logística, relacionadas a porto, estradas e ferrovias, para poder escoar esses produtos ao redor do mundo de forma mais efetiva. “Na China Gate, estamos projetando um crescimento de 50% no nosso volume de negócios com o país asiático esse ano. Como 90% de nossa atividade é com a China, então prevemos que metade desse crescimento vem da nossa base de clientes”, acrescenta Giraldelli.
Em um cenário onde o congresso está tão polarizado, o consultor comenta sobre os desafios do novo governo para manter o governo em crescimento econômico, gerando confiança nos mercados internacionais para manter o fluxo de investimento. “Em relação a importação, o maior desafio será manter as desonerações de impostos que incentivam o giro e o comércio de mercadorias para que continue o fluxo crescente do comércio, no ponto de vista da importação. Já na exportação, é necessário manter as relações saudáveis com a China e com todos os países para continuarmos vendendo nossos commodities especialmente no agronegócio, onde enviamos produtos para o mundo inteiro, sendo a China o principal comprador dos nossos produtos”, finaliza Rodrigo.
Sobre Rodrigo Giraldelli: @rodrigogiraldelli
Formado em Administração de Empresas e Economia, o paranaense Rodrigo Giraldelli é um dos pioneiros na importação de produtos da China para o Brasil. CEO da China Gate, empresa especializada em consultoria e educação sobre importação, Rodrigo auxilia comerciantes que desejam ampliar sua margem de lucro com produtos do país asiático. Além da consultoria, Rodrigo também ministra cursos on-line para ensinar empreendedores sobre o ofício. Com profundo conhecimento em marketing digital, Giraldelli publica, semanalmente, conteúdos nas redes sociais (@chinagatebrasil) e em seu canal do Youtube sobre importação.