Vacina contra dengue chega ao Brasil em meio ao aumento de casos no Rio de Janeiro
Anvisa aprova vacina contra a dengue no Brasil. A vacina do laboratório Takeda estará disponível na rede privada já no mês de maio
O Rio de Janeiro tem enfrentado um aumento significativo nos casos de dengue em 2023. Para se ter uma ideia, na nona semana de 2022, foram registrados 27 casos, enquanto no mesmo período deste ano, já são 189, representando um aumento de 600% segundo dados do Observatório Epidemiológico da cidade. Além disso, em 2022 o Brasil bateu o recorde histórico de óbitos ao registrar mais de mil mortes por dengue, algo nunca visto desde a década de 1980, quando a doença “ressurgiu” no país e começou a se tornar mais frequente.
Em meio a esse cenário preocupante, a boa notícia é que o primeiro imunizante liberado no Brasil para pessoas que nunca entraram em contato com o vírus da dengue, chegará ao país em maio deste ano. Em março, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro da Qdenga (TAK-003), do laboratório japonês Takeda Pharma. O imunizante é indicado para pessoas entre 4 e 60 anos que nunca entraram em contato com o vírus da dengue, mas também poderá ser aplicado em quem já teve a doença.
A Qdenga é uma vacina tetravalente, ou seja, oferece proteção contra os quatro sorotipos do vírus da dengue. Seu esquema de vacinação prevê duas doses, aplicadas com intervalo de três meses entre elas. Nos ensaios clínicos, a Qdenga mostrou ter uma eficácia geral de 80,2% contra a dengue causada por qualquer sorotipo após 12 meses da segunda dose. A vacina também reduziu as hospitalizações em 90%.
O imunizante estará disponível inicialmente apenas na rede privada de saúde. Ainda não há uma previsão para a incorporação da vacina ao Sistema Único de Saúde (SUS).
“A disponibilidade da vacina Qdenga na rede privada de saúde é um passo importante para a prevenção da dengue no Brasil”, afirma Fábio Argenta, médico e CEO da Saúde Livre Vacinas.
Fábio ainda alerta que, embora a vacina Qdenga tenha se mostrado eficaz em estudos clínicos, é importante destacar que ela não é uma solução única para o controle da dengue. “A vacinação deve ser combinada com outras medidas preventivas, como a eliminação dos criadouros do mosquito Aedes aegypti e a conscientização da população sobre a importância da proteção individual contra a doença.”
Dengue avança no Brasil
No ano de 2022, o Brasil contabilizou 1.450.270 casos prováveis da doença no país no ano passado, um aumento de 162,5% na comparação com 2021.
De acordo com especialistas, os períodos chuvosos, principalmente no verão, aliados à diminuição da percepção de risco para a dengue, são os principais motivos que levaram à alta nos casos e mortes em 2022. “Com a chuva, aumentam os riscos de água parada. É o cenário perfeito para que o Aedes aegypti se reproduza”, explica um especialista em saúde pública.
A dengue é uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, e seus sintomas incluem febre alta, dor de cabeça, dores musculares e articulares, além de náuseas e vômitos. A prevenção é a melhor forma de combater a doença, com medidas simples como o uso de repelentes, a eliminação de criadouros do mosquito e o uso de mosquiteiros.