Dmasel: Crítica velada e comédia cínica
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Alerta de spoilers❗❗❗

Um filme de David Zellner, Nathan Zellner com Robert Pattinson, Mia Wasikowska, David Zellner, Nathan Zellner. Samuel Alabaster.

A primeira cena do filme trás uma sensação de um solitário delírio. Dois homens: um pastor e um homem errante, ambos esperando a diligência, que por sua vez tarda, e no decorrer do filme percebemos que ela nunca chegará.

Os diálogos começam de forma confusa, mas ao longo das falas, trás atona as curiosidades do misterioso mítico, que carrega o velho oste  e que está vagando na cabeça do rapaz errante.  Perguntas sobre assombrações e espíritos da floresta, trás um ar cômico sutil a primeira cena.

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O pastor esta voltando a América, o coração pulsante da economia na época, enquanto o jovem decidiu ir para o velho oste recomeçar,  já que outrora tinha perdido tudo na América. O pastor garante que na nova cidade o jovem não vai poder recomeçar. Deixando no ar a sensação de que, este sonho americano, na verdade é morno e vago, como uma miragem no deserto. Nesse caso, para ambos.

Um lapso na memória do pastor, que ocorre de repente durante a espera, o faz perceber que a diligência não viria, e ele então, abandona tudo, as roupas, os sapatos, a bíblia quase que sem páginas e por último sua sanidade, deixando tudo com o jovem Parson Henry (David Zellner) e se entrega a caminhada no deserto. Trazendo um sentimento importante de urgência sobre as coisas que acreditamos e pela qual lutamos durante a vida.

“Preguei até aqui, mas eles não quiseram escutar”

As cenas seguintes são banhadas pelas paisagens lindas e bem colocadas da cidadezinha do faroeste, que possui de tudo um pouco: Um louco vestindo um barril, condenado a morte em praça pública, cavalos bebendo água, homens de meia idade fazendo a barba a navalha, cactos e feno, um céu de azul marmorizado, o calor tremilicando nas sombras das rochas, e o bar de madeira apodrecida, com direito a camponês tocando piano, cuspideira e jogos de cartas. Tornando o cenário, completo e redondo.

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Então entra em cena, um nobre viajante, Samuel (Robert Pattinson) com seu violão, e seu cavalo anão, ele procura o tal pastor da cidade

Então descobrimos que o jovem  tomou a identidade do pastor da primeira cena, se tornando não muito diferente do que ele mesmo já era: um homem triste, um tanto cômico, porém agora, alcoólatra.

Samuel segue viagem com o falso pastor, com o acordo de que, por 150 dólares, ele celebraria seu casamento com adorada Penélope (Mia Wasikowska) que os aguardava em outra cidade.

As cenas seguintes poderiam ser assistidas no mudo, sem som, pois as imagens te emergem a um espectral de beleza, onde um observador atento, ficaria de verdade estupefato.

É uma das coisas mais belas no filme, as longas cenas de paisagem da natureza, sem falas desconexas para preeencher os “vazios”.

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Samuel relata ao padre sobre seu amor leal por Penélope, mostra-lhe uma foto da sua jovem noiva e lhe confidencia que, o que ele deseja mesmo é uma “vida serena.” O ator consegue impor bem esses detalhes, aproveitando cada time disponível. Você realmente acredita em suas intenções juvenis.

É nesse momento que temos uma reviravolta, a beira do lago Samuel encontra um nômade,  ambos trocaram tiros e uma perseguição acontece, culminando na queda do nômade de um penhasco. Ao retornar para o acampamento improvisado, Samuel conta ao pastor, que sua noiva foi sequestrada, e ele acabou de matar o irmão do sequestrador, e que antes de casar-se com Penélope, ele e o pastor deveriam salva-lá. Negando de início, o pastor revelou-se covarde e descrente de que o amor genuíno entre um casal pudesse ser real corajoso a esse ponto. Trazendo assim mas uma camada ao pistoresco personagem.

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Mas convencido pela proposta, do dobro da contia em dinheiro, ele foi. Chegando lá o algoz da jovem é morto por Samuel e assim que a jovem é tirada da casa, a mesma rompe em lágrimas e desespero. Ela não precisava ser salva, mostrando assim, o ponto chave da ironia profunda de conceitos pré estabelecidos de contos de fadas na sociedade. Essa princesa em questão estava “muito bem, obrigado.”

No fundo, Samuel era seu perseguidor implacável e ela estava muito longe de ser um princesa indefesa. Manejando bem armas e dinamite, ela não apenas se salva, mas se defende das técnicas manipuladores do seu perseguidor, que frustrado, acaba com a própria vida.

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Penélope se mostra acima de tudo resilente, enterra o marido, explode a própria casa pondo fim a uma fase feliz, mas agora profundamente trágica de sua vida, astuta ,descobre a farsa do falso pastor e o coage,  o fazendo de refém, até descobri suas verdadeiras intenções, seguindo viagem com ele, de volta agora a cidade.

Durante o caminho Penélope encontra seu cunhado ciumento, que a queda do penhasco não matou, sua violência é amenizada por falas pueris, mas deixa claro um machismo velado. Ele acusa Penélope de ser uma viúva negra e por fim tenta obriga-la a casar-se com ele. Na discussão acalorada com a jovem relutante e o padre covarde, Ruffus (Nathan Zellner) é atigindo por uma fecha vinda do arco de um índio salvador (Joe Billingiere).

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Ao se perguntado por Penélope, porque ele fez aquilo, o índio responde: “Para salvar você.” Daí vem umas das falas mais profundas do filme, vinda de uma personagem que minutos antes havia se consolado sozinha, da dor do luto de seu marido assassinado.

“EU NÃO PRECISO SER SALVA.”

Damsel é um bom filme. Forjou heróis masculinos patéticos, que construiam a sua virilidade através da posse, essa imposição é
questionada no filme com passagens de bom humor físico e diálogos afiados.

Na segunda metade, quando o foco se volta para Wasikowska, faltou mais profundidade, mais diálogos, para que atriz explorasse com mais força o potencial da sua complexa personagem.

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Infelizmente conhece-se muito pouco de cada um, a transformação dramática deles é praticamente rasa mas não os torna superficiais.

Ao todo no roteiro, o cinismo é uma premissa fundamental, como também humanizar e romantizar  os estereótipos utilizados na sociedade e exibi-los para finalidade cômica de forma crua.

É curioso como as cores do mundo real parecem muito mais reais quando vistas no cinema. -Laranja mecânica

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